Todos devem receber, independente das circunstâncias, proteção contra doenças severas, com alto risco de morte e que tem distribuição mundial.
Parvovirose
Cinomose
Hepatite infecciosa canina
Raiva
Leptospirose*
Mecanismos presentes no organismo, conferidos por grupos celulares e que têm como função realizar a defesa contra a invasão de agentes patogênicos, tais como vírus, bactérias e protozoários. Fatores que afetam a resposta imune: O estado de saúde do indivíduo no momento do desafio; Severidade do desafio: virulência e quantidade do patógeno; Experiência imunológica anterior.
Infecção: é a entrada, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no hospedeiro (humano ou animal), sendo esse agente capaz de provocar doença (depende da imunidade do animal).
Infectividade: capacidade do agente de se multiplicar e se desenvolver no novo hospedeiro. Esse paciente pode ser infectante a outro indivíduo.
Doença: alteração no estado de saúde que é manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não. Uma doença infecciosa é qualquer doença clinicamente evidente resultante de uma infecção.
Patogenicidade: capacidade do agente invasor em causar doença com suas manifestações clínicas entre os hospedeiros suscetíveis.
Virulência: capacidade patogênica de um microrganismo, medida pela mortalidade que ele produz e/ou por seu poder de invadir tecidos do hospedeiro.
Determinadas vacinas previnem a infecção (imunidade estéril), outras previvem a infectividade e a doença (impedem a progressão da doença clínica e/ou promovem redução dos sinais clínicos)
Reinvindicação dos fabricantes sobre segurança e eficácia das vacinas | |
---|---|
Reinvindicação | Característica |
Prevenção da infecção(Cinomose, Parvovirose, Hepatite Inf. Canina, Panleucopenia e Raiva) | Produtos capazes de impedir toda a colonização ou replicação do agente infeccioso em um animal vacinado |
Prevenção da doença(Leptospirose) | Produtos que demonstram alta efetividade na prevenção da doença clinica em animais vacinados |
Auxilio na prevenção da doença(Leishmaniose, Rinotraqueíte, Calicivirus, Bordetella e Coronavirus) | Produtos que previnem a doença clinica de forma significativa, mas são inferiores aos produtos que previnem a doença |
Auxilio no controle da doença(Rinotraqueíte, Calicivirus) | Produtos que estão destinados a retardar o início da doença, reduzir a sua duração ou então "aliviar a gravidade da doença" |
Tipos de imunidade
Inata
Presente já ao nascimento:
Barreiras físicas
Barreias fisiológicas
Barreiras celulares
Barreiras inflamatórias
Barreira física/fisiológica: pele, saliva, peristaltismo, febre, etc.
Barreiras celulares: células fagocitárias
Barreiras inflamatórias: mediadores - induzem resposta celular e humoral
Tipos de imunidade
Adaptativa
Ativada em contato com o agente infeccioso:
Imunidade celular
Imunidade humoral (anticorpos)
PASSIVA
ATIVA
As vacinas são produtos biológicos que após aplicadas, estimulam o organismo a montar uma defesa imunológica (imunidade ativa) contra agentes patogênicos. Essa defesa pode ser desencadeada por células (imunidade celular) ou por anticorpos (imunidade humoral: sistêmica ou local)
Doença | Tipo de imunidade | Doença | Tipo de imunidade |
---|---|---|---|
Cinomose | Humoral sistêmica e celular | Panleucopenia | Humoral sistêmica e celular |
Parvovirose | Humoral sistêmica | Herpesvírus | Humoral sistêmica e celular |
Hepatite infecciosa canina | Humoral sistêmica | Calicivírus | Humoral sistêmica e celular |
Raiva | Raiva | ||
Leptospirose | Humoral sistêmica e celular |
Produto fabricado a partir de agentes causadores de doenças infecciosas com o objetivo de estimular a produção de anticorpos, sem causar a doença no individuo.
Vacinação
É a injeção de produto antigênico, que seja capaz de induzir o organismo a produzir imunidade contra ele.
Imunização
É a resposta do organismo frente ao contato com o antígeno causador da doença que esta presente na vacina.
O período que compreende a transição entre a queda dos AM e a elevação dos anticorpos produzidos pelo filhotes em resposta à vacinação, apesar de nenhum dos 2 níveis estarem adequados para garantir a proteção, é chamado de JANELA DE SUSCETIBILIDADE1 (Figuras 1 e 2).
A escolha do protocolo deve ser baseada principalmente no risco envolvido coma exposição a doenças infecciosas1,2,3.Por conta disso, os guidelines de vacinação (WSAVA - World Small Animal Veterinary Association, AAHA - American Animal Hospital Association / COLAVAC - Comitê Latinoamericano de Vacinologia de Animais de Companhia) recomendam dividir os protocolos, como descrito abaixo:
Vacinas Essenciais
Todos devem receber, independente das circunstâncias, proteção contra doenças severas, com alto risco de morte e que tem distribuição mundial.
Parvovirose
Cinomose
Hepatite infecciosa canina
Raiva
Leptospirose*
*Leptospirose é considerada como essencial de acordo com o COLAVAC e complementar de acordo com o WSAVA e AHHA.
Vacinas Complementares
Animais devem ser vacinados mediante justificativas geográficas ou de fatores de risco que envolvam o agente etiológico.
Parainfluenza Virus
Bordetella bronchiseptica
Leishmaniose
Giardiase**
**A vacina contra giárdia é considerada como complementar pelo COLAVAC e não recomendada ou não citada no WSAVA e AAHA.
Portanto, não existe protocolo único e ideal, o que deve ser avaliado é o risco versus o benefício para cada animal e para cada agente etiológico que compõe a vacina em questão!
Questionário de risco para auxiliar na escolha do protocolo vacinal3:
Obs: No site do AAHA existe um “calculador de vacinação” (Lifestyle-based vaccine calculator) com base no estilo de vida do cão. Disponível em: https://www.aaha.org/aaha-guidelines/vaccination-canine-configuration/lifestyle-based-vaccine-calculator/ (Lembre-se que algumas combinações de vacinas não estão disponíveis no Brasil).
As tabelas 1 e 2 demonstram exemplos de idades possíveis de início e término da vacinação em filhotes. É recomendado que não se utilize intervalos menores do que 2 semanas ou maiores do que 4 semanas entre as doses1,2,3.
Tabela 1: Intervalo de 3 semanas (21 dias) entre doses.
Intervalo entre vacinas | 1ª dose | 2ª dose | 3ª dose | 4ª dose |
3 semanas ou 21 dias | 6 semanas | 9 semanas | 12 semanas | 15 semanas |
3 semanas ou 21 dias | 8 semanas | 11 semanas | 14 semanas | 17 semanas |
Tabela 2: Intervalo de 4 semanas (28 dias) entre doses.
Intervalo entre vacinas | 1ª dose | 2ª dose | 3ª dose | 4ª dose |
4 semanas ou 28 dias | 6 semanas | 10 semanas | 14 semanas | 18 semanas |
4 semanas ou 28 dias | 8 semanas | 12 semanas | 16 semanas | 20 semanas |
Assim como com qualquer vacina, reações de hipersensibilidade ou inflamatórias raras podem ocorrer. Os sinais podem incluir letargia, febre, vômito, diarreia, inchaço facial, inchaço no local da injeção e dor. Nesses casos, o tratamento sintomático adequado deve ser fornecido. Os sinais clínicos tipicamente se resolvem dentro de três a cinco dias. Alguns dos eventos adversos observados, como febre, podem estar vinculados aos antígenos, enquanto as reações alérgicas podem estar vinculadas a componentes não antigênicos utilizados para produzir os antígenos, como a albumina sérica bovina (BSA) ou outras proteínas.
Segundo o consenso do VGG da WSAVA, as vacinas em si não causam doenças autoimunes, mas em animais geneticamente predispostos, elas podem causar respostas autoimunes seguidas de doença, assim como qualquer infecção, fármaco ou diversos fatores ambientais.
Se a vacina implicada na reação adversa for uma vacina essencial, um teste sorológico pode ser realizado e, caso o animal seja soropositivo (anticorpos contra cinomose, parvovirose e hepatite infecciosa canina), uma nova vacinação não será necessária. Se for uma vacina complementar (ex: bacterina Leptospira ou Bordetella), uma nova vacinação não é recomendada.
Se a vacinação for absolutamente necessária, trocar de produto (fabricante) até poderia ajudar. No entanto, deve-se ter claro que essa estratégia nem sempre será bem-sucedida, já que as reações de hipersensibilidade são geralmente atribuídas aos excipientes contidos na vacina (ex: traços de albumina sérica bovina usada no processo de cultura do vírus) que são comuns a muitos produtos diferentes. O uso de anti-histamínicos ou doses anti-inflamatórias de glicocorticóides antes da vacinação é uma alternativa aceitável e não interfere na resposta imunológica à vacina, mas também não garantem segurança completa. Animais suscetíveis vacinados novamente devem ser monitorados atentamente por até 24 horas após a vacinação, embora tais reações (hipersensibilidade tipo I) geralmente ocorram minutos após a exposição. Outros tipos de hipersensibilidade (II, III ou IV) podem ocorrer mais tarde (ex: depois de horas ou meses).
Por fim, uma decisão deve ser baseada na análise de risco/benefício e deve caber ao veterinário responsável após a discussão com o dono do animal de estimação.
Manejo de cães com histórico de reação aguda (angioedema/ urticária): cabe notar que o histórico anterior de tais reações não é um indicador de reações futuras.
Administrar anti-histaminico: geralmente difenidramina a 2-4 mg/kg oralmente, ou 1-2 mg/kg por via parenteral, uma dose 15-30 minutos antes da vacina.
Também se pode considerar esteroide (é improvável que uma única administração impediria a imunização).
Considerar uma marca diferente: as mesmas proteinas alergênicas encontradas na vacina de um fabricante pode ou não ser encontrada em qualquer outra vacina.
Procedimento (pré-)vacinação: pode-se administrar 0,1 mL de vacina por via intradérmica e monitorar a resposta no local de injeção.
Manejo de cães com histórico de reação severa (anafilaxia):
Não revacinar, especialmente se o cão já recebeu uma vacinação primária seguida de um primeiro reforço anual. Essa recomendação deve ser balanceada, levando em consideração os riscos frente aos benefícios da imunização. Ademais, a vacinação da raiva deve ser realizada quando legalmente exigida.
Manejo de doença pós-vacinal não específica (letargia/ anorexia/ febre/ etc.)
A administração de anti-histamínico ou NSAID antes da vacinação não foi estudada adequadamente para fazer recomendações especificas sobre seu uso ou benefício. No entanto, ela geralmente é feita.
Manejo de cães de raça de pequeno porte (peso corporal adulto < 10 kg)
Considerar adiar a administração de vacinas não essenciais até a conclusão da série essencial inicial.
Separar os componentes essenciais dos não essenciais.
Reduzir o número de antigenos.
*Richard Ford ECVIM - Simpósio da Boehringer Ingelheim de 2013 e comunicação pessoal. Estas são recomendações de um especialista, portanto, fica a critério do médico-veterinário seguir ou não tais recomendações baseado em riscos versus benefícios para o animal. *
As vacinações de reforço nesses cães devem ser consideradas com precaução, independentemente da marca, tendo em vista que alguns componentes tendem a ser parecidos. No entanto, caso haja consentimento do tutor, o animal pode ser vacinado desde que permaneça em observação idealmente até 24 horas pós vacinação.
Não há evidências de que a vacinação possa desencadear epilepsia, ou seja, uma condição de convulsões crônica. Convulsões pós-vacinais transitórias estão vinculadas à febre alta em crianças humanas. Convulsões são muito raramente relatadas subsequentemente ao uso de produtos RECOMBITEK®, geralmente não são associadas à febre e nenhum vínculo causal foi estabelecido.
Sim. Essa é uma característica genética observada principalmente em algumas raças e esses animais são chamados de “não respondedores genéticos”. Esta é uma característica associada, com maior frequência, para a vacina contra o parvovirus canino. Animais geneticamente relacionados (da mesma família ou raça) frequentemente apresentam essa não responsividade. Se o animal for não respondedor a um agente altamente patogênico, como o parvovírus canino, ele pode morrer caso seja infectado. Por outro lado, é interessante notar que um animal não respondedor a uma vacina contra o parvovírus geralmente responde normalmente aos agentes vacinais da cinomose ou adenovirose. Se o animal for não respondedor a um patógeno que raramente causa a morte, ele pode adoecer, mas sobreviverá (ex: após uma infecção por Bordetella bronchiseptica).
As Guidelines do WSAVA contêm um fluxograma útil que ajuda a identificar cães não respondedores. Todos os filhotes de cães devem ser vacinados da mesma maneira (com uma vacinação final entre 16 e 18 semanas de idade ou mais) e, caso se tenha alguma preocupação a respeito da raça ou da possibilidade de falta de resposta, o melhor a fazer é realizar um teste sorológico no animal com 20 semanas de idade. A maioria dos não respondedores terão falha de soroconversão a apenas um dos antígenos da vacina essencial (isto é, cinomose, parvovirose e hepatite infecciosa canina). Importante notar que, até é possível tentar a revacinação deste paciente e um novo teste sorológico, após isto, no entanto, um animal verdadeiramente não respondedor (ou pouco respondedor) ainda assim pode não responder à nova vacinação. Esses animais simplesmente não têm capacidade de gerar uma resposta imunológica contra o antígeno específico e jamais responderão a esse componente da vacina. Os tutores devem ser informados de que este animal estará em risco e, idealmente, não deve ser usado para reprodução.
Sim, as vacinas Recombitek C4/CV e Recombitek C6/CV possuem uma tecnologia exclusiva e não levam adjuvante de imunidade. Já a vacina Recombitek Oral Bordetella é uma vacina que contém apenas o antígeno vivo atenuado da bactéria Bordetella bronchiseptica e também é livre de adjuvantes.
Adjuvantes são substâncias inflamatórias, que geralmente são adicionadas às vacinas “mortas” a fim de melhorar a sua eficácia em termos de resposta imunológica. As vacinas Recombitek C4/CV, C6/CV e Oral Bordetella não precisam de adjuvantes para proteger completamente os animais, então não há necessidade de substâncias adicionais.
Embora o fibrossarcoma de aplicação seja uma preocupação séria em gatos, ele é raro em cães.
Estudos recentes envolvendo um grande número de animais sugerem que a administração de várias doses de vacinas numa mesma consulta está associada a um risco elevado de reações agudas (hipersensibilidade tipo I ), principalmente em cães de raças pequenas. Portanto, atualmente se recomenda que os médicos-veterinários considerem adiar a administração das vacinas complementares em até 2 ou 4 semanas após a conclusão das vacinas essenciais, sempre que possível, especialmente e, cães de raças pequenas. Além disso, a adaministração de qualquer vacina complementar deve se limitar aos pacientes com risco razoável de exposição ao patógeno.
A presença de anticorpos maternos em cães e gatos jovens é a causa mais comum de falha vacinal durante a primovacinação. Mas, existem outras razões como, por exemplo, fatores genéticos individuais (animais não respondedores), manuseio e armazenamento inadequado da vacina antes da sua administração, uso de vacinas com validade vencida e misturar vacinas de marcas diferentes em uma mesma seringa.